Natal

Este ano foi diferente.

Gostei, estive em família, houve prendas, bons reencontros, muitas sms, alguns telefonemas agradáveis... Mas faltou-me, pela 1ª vez na vida, qualquer coisa no Natal.

E eu sei bem o que é..e pedi ao Pai Natal que este fosse o meu último Natal sem ti, nesta solidão.

Feliz Natal e um 2010 que faça esquecer este ano que passou...

Sentado à beira de um caminho....

«Eu não posso mais ficar aqui a esperar
que um dia, de repente, você volte para mim
Vejo caminhões e carros apressados a passar por mim
estou sentado à beira de um caminho que não tem mais fim

Meu olhar se perde na poeira dessa estrada triste
onde a tristeza e a saudade de você ainda existem
Esse sol que queima no meu rosto um resto de
esperança de ao menos ver de perto o seu olhar que eu trago na lembrança

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo

Vem a chuva, molha o meu rosto e então eu choro tanto
minhas lágrimas e os pingos dessa chuva se confundem com o meu pranto
Olho pra mim mesmo, me procuro e não encontro nada
sou um pobre resto de esperança à beira de uma estrada

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo

Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo, tudo
se confunde em minha frente
minha sombra me acompanha
e vê que eu estou morrendo lentamente
Só você não vê que eu não posso mais ficar aqui
sozinho
esperando a vida inteira por você, sentado à beira do
caminho

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo...»

Rosa Passos em....http://www.youtube.com/watch?v=5FDRLXaf4gQ

Nestes dias, uns mais felizes que outros, tento redescobrir-me.

Procuro voltar atrás, há 10 anos por exemplo (porque não) e lembrar-me do que eu imaginava que me poderia fazer feliz então.

Como via as coisas de forma simples, como acreditava em tudo....como em cada momento, projectava uma vida, um sonho, uma fantasia bonita....

Crescer é assim tão necessário?

Uma música lembrou-me de nós, hoje. Sim, essa, a de sempre. A das nossas primeiras férias.

Pois, eu sei que foi há 8 anos. Mas quando a oiço, recordo-me desse teu sorriso lindo que se enchia de luz quando eu a cantava para ti.

Perguntei-me todo o dia: porque não posso ter isso de volta. Não necessariamente a ti, mas aquele amor. Não estou condenado a amar apenas uma vez na vida, ou estou?

Já tive tudo, o mundo....será demais pedir que possa viver isso de novo? É por isto que, desde então, nunca mais fui completo.

Porque partiu este meu coração? Voltas? Não tu, mas o amor que me levaste...?

Como superar a realidade de, um certo dia, acordarmos para a vida e apercebermo-nos que o problema somos nós?

Questionamos tudo? E para onde vamos...? Qual o caminho, agora...?

O que estarei a fazer de errado?

Vivo uma época em que penso muito, luto ainda mais. Para descobrir o meu caminho. Aprendi que nunca vemos tudo com clareza. Temos laivos de lucidez que nos mantêm equilibrados. E eu tenho conseguido isto até hoje. Fui já muito feliz, sem me deslumbrar. Vivi dificuldades, períodos tristes, melancólicos, esgotantes. Mas não me deixei afundar.

Reflicto, pondero, analiso e, finalmente, percebo e decido: o meu equilíbrio passa por isto - só vale a pena estarmos com quem verdadeiramente aprecia a nossa companhia. O resto não é bom para ninguém. É vazio, é indefinição, alimenta falsas expectativas, ignora o que verdadeiramente vai cá dentro.

Os dias que correm convidam a isto, quase que nos forçam a lutar contra a solidão. Estou bem quando estou sozinho, desde que tenha a paz de espírito que me dá equilíbrio. E essa paz, esse equilíbrio são feitos disto: doing the right thing. Seguir a consciência, ceder à tentação imediata. Ser paciente, saber apreciar, ser autêntico, verdadeiro nas emoções, nos sentimentos e na sua expressão.

Mas apenas para quem merece. Para quem gosta de dar e receber. Para quem sabe apreciar o tipo de pessoa que eu sou. Com todos os defeitos que tenho.

E por falar em algo verdadeiramente inspirador....este é um filme notável sobre a capacidade de luta e de adaptação ao longo da vida:

Os meus melhores anos, de Marco Tullio Giordana... Posso emprestar, a quem estiver interessado..

Ah, mas isso que me pedes para fazer - aceitar, conformar-me, viver com essa sombra sempre a pairar sobre o meu coração - não poderei fazer nunca.

Posso ser forte o suficiente to move on, mas jamais conformado. 

Isso seria contrariar a minha essência..

A força interior que possuímos é algo de verdadeiramente fascinante. 

Esta, aliada a uma capacidade incomparável que temos para nos regenerarmos e reinventarmos a cada momento, faz do ser humano algo de belo e único. 

Amamos, sofremos, vivemos, perdemos, lutamos, ganhamos, conquistamos, perdemos....mas re-erguemo-nos, voltamos a amar, a sofrer, a viver....

É nesta dialéctica que me encontro - luto, sofro, ganho, perco. Mas mantenho uma força e uma convicção inabaláveis de que vou conquistar o meu mundo, alcançar a minha felicidade, equilibrar a minha existência...

Obrigado a todos os que nunca deixam de estar a meu lado.

É de equilíbrio que preciso. É isso que busco. Mas estou cansado. As frentes de batalha são muitas. Não me lembro de ter vivido outro ano assim, pelo menos na minha idade adulta..

Sei que a vida é feita de ciclos, que após um ano em cheio, pleno de realizações pessoais e profissionais....uma fase de alguma estagnação se seguiria quase inevitavelmente. Dura há um ano.

Não vejo nada à frente, só consigo rodar a cabeça e ir tentando enfrentar um a um os desafios que esta vida decidiu colocar-me em simultâneo.

E concluí algo hoje: para poder ser eu mesmo para alguém, para conquistar a pessoa que eu sonho existir, tenho de estar bem cmg mesmo. Só assim serei genuíno, verdadeiro, apenas deste modo poderei mostrar-lhe quem sou, como sou, o que tenho para oferecer e o que preciso. E neste momento, não estou em paz comigo.

É de tudo isso que preciso.

Espero que o ponto de viragem esteja ali.....perto. 

Nisto, não posso deixar de concordar com o poema do Manuel Alegre:

Coração que nasceu livre não se pode acorrentar....

Sinto-me um pouco como o Isaac Mendez, o pintor da série Heroes que só consegue pintar quando está high.

Eu (felizmente) não preciso de aditivos psicotrópicos, mas sinto que só consigo escrever quando não estou bem. Quando estou, vai-se-me a inspiração...

Ontem e hoje não estou no meu melhor. Simplesmente porque me dou conta que a vida é um teste permanente. Uma espécie de maratona com muitas etapas que se assemelham aos 200m/obstáculos.

E não consigo descodificar tudo. Há coisas que surgem, deixamo-nos ir, pensamos que sim....paramos pouco para reflectir, temos medo de estragar tudo se começarmos a pensar demais.

Onde está o ponto de equilíbrio? Estive tão próximo já!!!!

Não sei para onde vou...

Aprendemos com os erros. I would like to move on now.

Vou deixar tudo o que tenho, tudo o que paira em torno de mim - que em enche o ego, mas me esvazia o coração.

Noites felizes, manhãs tristes. Sem empatia, sem conforto, sem vontade de acabar o dia na praia deserta. Sem alma, sem espírito, sem sentimento. O prazer não é tudo. Na verdade, o prazer não é mesmo nada, não significado absolutamente nenhum, se não for sublimado pelo sentimendo de amar, de descobrir, de desafiar.

Esta minha viagem tem sido pródiga em descobertas, em fascinantes incursões por mundos novos, intensos. Mas isso já não me chega. Trocava tudo isso por ti, ainda que não saiba quem sejas. Não sei mesmo.

Não, ela não. Não me preenche. Deixei de acreditar. Posso-me ter iludido momentaneamente, mas a minha lucidez (ainda) conseguiu falar mais alto.

Mas também, se olhar à volta, não vejo nada. Não é ninguém. Esse alguém existe, eu sei que sim, mas não vejo. Sentimento recorrente este - há sensivelmente dois anos estava exactamente no mesmo.

Vou esperar, de todo o modo. Mas vou esperar sozinho. Talvez assim o meu fado te traga mais rápido.

E este fim-de-semana, onde vivi os extremos, mostrou-me que é disso que necessito (paz, interior e social) para estar em sintonia comigo mesmo.

Vou desfrutar da liberdade desta minha solidão.

Este Dia dos Namorados foi inesquecível!

Let's make a night to remember, era o nosso mote inicial.... bom, 6 garrafas de Cabriz depois...a noite seria sempre inolvidável....

Uma noite que vai ficar só nossa, mais uma daquelas partilhas que nos vai dar muito que rir e sorrir!!!!!

(Florinha, faço aqui uma pausa na novela...só p partilhar isto. Retomarei quando e se se justificar)...

Tu desafias-me. Gosto disso, sabes? Sabes, sim. E é também por isso que te acho graça. Interessas-me. 

Ainda que saiba que isto nunca passará apenas disto (estamos em momentos da vida longínquos, somos de mundos substancialmente diferentes), este desafio que sinto e o interesse que despertas satisfazem-me. Dão-me um certo alento, fazem-me crer que momentos especiais com pessoas mágicas ainda existem. Quando sorris daquela maneira, enches-me o coração. Não por ti (nunca poderia), mas através de ti.

Gostei muito.

Liberdade

Hoje vivo um paradoxo. Como explico que, no meio desta solidão a que estou acostumado, tenha encontrado, de repente, um enorme sentimento de liberdade?...

Estarei pronto de novo, agora que te esqueci? Será isso?

E para quem? Veio para ficar, esta liberdade?