Sunday, December 02, 2007

Um frágil virar de página


Penso no futuro , recordo como o meu passado foi feliz...olho para o futuro, e desejo que este passado possa, de alguma maneira, voltar a ser o meu presente.
Viro agora uma página. Investimos, acreditámos, envolvemo-nos. Sonhámos...intimamente até achamos que sim...

Aprendemos, sempre. Tiramos ilações, lições mesmo. A fragilidade apodera-se de nós, subtilmente (com perfídia!) e retira-nos lucidez.... passa a ser um factor dominante na maneira como nos vemos, como sentimos...torna-nos mais vulneráveis, susceptíveis, disponíveis para acreditar....

Esta fragilidade (solidão?) faz-nos descurar as bases, os alicerces, rouba-nos equilíbrio, algum discernimento. Superar esta fragilidade é o meu desafio. Quero virar esta página e voltar a ser eu.
Sem voltar ao passado, mas sabendo que o meu futuro nunca poderá ser menos do que tu me deste e me fizeste viver.
Viro uma página, ao sabor do vento.... Mas quero continuar a escrever esta minha sinuosa (e feliz!!) aventura da vida. Mas...para onde sopra este vento? Para onde me levas? E para quem?

Tuesday, November 13, 2007

O barco negro da saudade

Tive a felicidade de confortar o meu espírito com uma soirée magnífica proporcionada pela Mariza, no Palais des Beaux Arts em Bruxelas..


Recordo tantos momentos dessa noite - e as consequentes emoções intensas e boas que geraram... - e dei por mim a pensar cm é possível que alguém viva verdadeiramente sem saborear momentos destes..


É espantosa a capacidade que a arte - e, em particular, a música e o fado - têm de nos transportar para outros mundos, de nos fazer mergulhar no nosso íntimo mais profundo, e descobrirmo-nos, conhecermo-nos, pensarmo-nos...


Foi o que me aconteceu nessa noite. Ao ouvir o Barco Negro, por exemplo.


Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir
Pois tudo em meu redor
Me diz que estás sempre comigo


No vento que lança areia nos vidros
Na água que canta, no fogo mortiço
No calor do leito, nos bancos vazios
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.......

Saturday, November 10, 2007

É só o que tenho a dizer hoje.

Monday, August 27, 2007

Um dia no parque


Que título mais banal para um texto. Pois é. Mas não deixa de ser menos verdade que, hoje em dia, poucos de nós podem iniciar um post com este título. Sobretudo se quisermos partilhar o estranhamente familiar conjunto de sentimentos que um par de horas sentado na relva pode provocar.

Hoje fui ao parque. Há muito tempo que não o fazia. E o mais curioso de tudo é que não o planeei. Por isso me soube tão bem. Outra verdade banal, bem sei – planeamos demais, calculamos ao milímetro, não vivemos; cumprimos um plano. E se olharmos para trás acabamos por perceber que alguns dos momentos mais fantásticos da nossa vida aconteceram por acaso, sem qualquer plano. E ainda assim, parece que teimamos em não aprender…. Saboreamos, desfrutamos, mas quando voltamos ao nosso medo de viver, tornamos a planear… sem termos presente em todo e a cada momento que, na vida, o que muda tudo são detalhes, imprevistos, situações, pessoas e momentos inesperados! Aquilo que o magnífico filme Ensemble c’est tout nos ensina a chamar de poder transformador das pequenas coisas…

O contexto favorecia…sozinho numa cidade estrangeira, acabado de chegar, tinha de suprir uma necessidade básica – almoçar. Fi-lo, sozinho ainda. Depois de acabar – rápida refeição, pois se há momento deprimente na vida é ter de comer sozinho – apeteceu-me caminhar… Nunca tinha estado nesta carismática cidade basca de Bilbao e parece que toda a vida caminhei por estas ruas. É estranho isto – premonitório. Como se o meu destino final naquele dia fosse simplesmente encontrar aquele magnífico jardim… Encontrei-o, esplêndido, com árvores de que não sei o nome, mas que me apetecia que pudessem conversar comigo e partilhar as inúmeras histórias a que por ali já assistiram… lagos, fontes, canteiros, flores, casais de namorados, amigos, gente que passa por ali a seguir ao almoço à procura de uma pausa no frenético quotidiano em que gostamos de nos perder. Avós com os netos, alguns com os netos e os filhos (é espantoso o sentimento de pertença e solidariedade familiar que se sente aqui!), crianças a brincar… até gente que simplesmente passa por ali a caminho dos seus destinos imediatos, que cruzam as avenidas deste imenso parque como se estivessem a atravessar uma passadeira – importante é chegar rápido ao outro lado. Será que algum dia irão perceber que só lugares mágicos como este nos podem trazer a paz interior que precisamos??

Fui-me embora. Queria regressar, mas vestido à altura. Ou seja, despido de objectos – sem telemóveis, ipod’s, cartões, nada. Só o meu livro do momento. E assim regressei. Sentei-me. Olhei em redor. Senti-me em paz (num dia em que precisava tanto). Fechei os olhos. E pensei em ti.

Era inevitável. Ao mesmo tempo que tudo isto acontecia – chegada para férias, cidade e país por descobrir, o sentimento de aventura, almoço sozinho, descoberta interior proporcionada por um lugar de magia e esperança (de que o mundo pode sempre voltar a sorrir-nos!) – tudo ficou muito claro na minha cabeça, no meu coração. Como se uma lucidez incontestável estivesse ali diante de mim, assumindo a forma de uma árvore que, com a sua sabedoria secular, me dissesse baixinho ao ouvido todas as coisas que não tenho coragem de me dizer a mim mesmo. E que me impedem de viver.

Mas ao mesmo tempo, tudo parece não fazer sentido algum. Já não és minha, apesar de saber que apenas contigo eu fui verdadeiramente de alguém. Amar-te-ei para sempre, disse-to desde o primeiro ao último minuto – mesmo quando nos separámos. Mas as nossas vidas seguiram caminhos tão diferentes! E hoje não tenho a lucidez de conseguir ver – onde está a árvore agora!? – o que vai acontecer a seguir.

Mas estou sereno. Sei que vou ser feliz. Que vou voltar a amar.

E de hoje a uma semana, quando as férias e esta aventura de descobrir lugares, cheiros, sabores (as pequenas coisas que transformam sítios banais como jardins em momentos transformadores das nossas vidas) saberei com toda a certeza que tudo isto faria muito mais sentido contigo aqui ao meu lado.

Sabes uma coisa? Sempre juntos, sempre. Mesmo que nunca mais a vida faça cruzar os nossos caminhos. Não tenho plano nenhum. Sei, bem no meu íntimo, que alguma pequena coisa transformará a minha vida.

Como uma ida ao parque.

Tuesday, May 29, 2007

Será possível que me inspires (ainda)?
É um sentimento bom. De reencontro, de paz e equilíbrio espirituais. Olho para trás, olho para ti, vejo-nos.
O calor no meu coração é bom - é memória, é recordação. Sentir que deixaste na minha vida, para sempre, uma indelével marca de felicidade e realização. Saber que tu - e só tu, na verdade - me fizeste sentir pleno, realizado, feliz. Pleno.
E ter consciência de que - ainda que me tenhas feito sofrer (desiludiste-me?) - a marca tua que fica na minha existência perdurará muito além da tua própria presença na minha vida.
É um sentimento único. Será possível que ainda me inspires? Que por tua causa, por aquilo que demos um ao outro, continue a acreditar no amor como no nosso primeiro dia?
Inspiras-me tanto e com tanta certeza, ainda que tenha a certeza que não será contigo que o vou reencontrar (ao amor)?

Thursday, May 24, 2007

Será possível explicar?

Tenho saudades tuas.

Da ansiedade de preparar-te uma surpresa... de perder tempo infinito a estudar os teus gostos, aquilo que te faz feliz, para que possa, através de pequenos gestos diários, ganhar um desses teus sorrisos lindos. E todos os dias conquistar o teu amor. Como se fosse o primeiro dia da nossa vida.

Preciso do sentido que dás à minha vida. Que soubeste dar. Que preciso para saber viver. Para (re) aprender a amar.

Onde estás? Porque foste? Voltarás? Pertencerei-te-ei para sempre. Como para sempre, da forma mais secreta se necessário, te amarei.

Tenho saudades tuas.

Thursday, March 08, 2007

O Dia Internacional da Mulher

Que melhor ocasiao para voltar a escrever do que assinalar o Dia Internacional da Mulher?
Porque hao-de ser apenas as mulheres a celebrar este dia se nós, homens, somos os mais afortunados de as ter nas nossas vidas?
Acho que podemos aproveitar para lhe prestar a devida homenagem, a tudo o que de fantástico e maravilhoso elas trazem, de forma única, às nossas existências?
Mas falar da Mulher, é inevitavelmente falar de amor.... da nossa capacidade de amá-las, de dar-lhes tudo o que merecem.....para podermos ser verdadeiramente felizes..
Uma amiga recordou-me hoje um poema de William Butler Yeats....A Drinking Song.
Trouxe-me de imediato à memória a música de Joni Mitchell, A case of you, cantada pela Cristina Branco....
Just before our love got lost you said
I am as constant as a northern star
And I said, constant in the darkness
Wheres that at?
If you want me Ill be in the bar
(...)
Oh I am a lonely painter
I live in a box of paints
Im frightened by the devil
And Im drawn to those ones that aint afraid
I remember that time that you told me, you said
Love is touching souls
Surely you touched mine
Cause part of you pours out of me
In these lines from time to time
Oh you are in my blood like holy wine
And you taste so bitter but you taste so sweet
Oh I could drink a case of you
I could drink a case of you darling
Still Id be on my feet
And still be on my feet
I met a woman
She had a mouth like yours
She knew your life
She knew your devils and your deeds
And she said
Color go to him, stay with him if you can
Oh but be prepared to bleed
Poder dizer-se a alguém que beberia uma caixa inteira de ti..... e continuar bem lúcido, ainda que embriagado de amor.. é inigualável...
Interpretado por Diana Krall, aqui....