Tuesday, April 29, 2008

Hospitais....um dos locais mais deprimentes do mundo




Como uma esmagadora maioria de nós, nasci num hospital. A minha diferença é que, depois, também cresci num...(o mesmo em que nasci, pelo menos houve coerência). Por razões familiares, passei a minha infância até aos 6 anos na creche do Hospital onde trabalham a minha mãe e a minha avó. Talvez por esse motivo, nunca tive aquela aversão que a mesma esmagadora maioria tem em relação aos hospitais. São, para mim, lugares familiares.


Mas neste últimos tempos, confrontei-me com os meus próprios limites relativamente a esta familiariedade. Nunca sabemos verdadeiramente o que pode ser aquela aversão até um dia entrarmos num hospital para visitar um dos nossos...saber que temos encontro marcado com alguém que sofre numa cama de hospital, saber que temos pouco mais de três horas para lhe dar todo o amor que trazemos.


E sem falar naqueles que sofrem tanto ou mais numa abandonada cama de hospital e que não têm família, nem amigos, nada nem ninguém, para trazer um pouco de conforto e amor...


Os hospitais são lugares frios...mas há alguém que, de uma forma diferente da família, dos amigos, lhe pode conferir vida e alegria - os profissionais de saúde. Faz toda a diferença quando o médico que nos opera, a enfermeira que nos dá a medicação ou a auxiliar que nos acompanha em tudo compreendem que trabalhar num hospital não é o mesmo que numa fábrica, numa loja ou num escritório. Num hospital, toda a diferença está na dimensão humana que podemos conferir ao nosso trabalho - e essa dimensão humana tem um poder transformador nas vidas de todos aqueles que alguma vez na vida tiveram (ou terão) que passar, por um motivo ou outro, pela porra de um hospital. Ou seja, todos nós.


Não é um verdadeiro profissional de saúde quem quer. Apenas quem tem esta especial vocação, esta tão simples, mas tão transcendente, capacidade humana.


Este post presta homenagem a todos quantos dedicam a sua vida profissional a emprestar diariamente esta sua transcendente capacidade para o bem-estar dos outros. Como tu, mamã.


1 comment:

Cláudia Pinto said...

Concordo em absoluto contigo. Já passei algumas horas em hospitais e há quatro anos, muitos dos meus dias foram passados no IPO em visita a um amigo que estava internado. Também já estive no mesmo hospital a apresentar espectáculos para crianças,na ala de pediatria e digo-te:é uma experiência arrepiante!
Estive recentemente no hospital por duas vezes como visitante das minhas cunhadas. Uma delas foi muito maltratada e a médica que lhe deu alta era licenciada em antipatia. Não consigo entender! Julgo que as pessoas que trabalham nos hospitais deveriam ser TODAS elas vocacionadas ao pormenor. Acredito que a tua mãe o seja, a avaliar pelo excelente filho que educou!
Ainda não tive a infelicidade de ficar internada num hospital mas confesso que é uma das ideias que mais me assusta. De qualquer forma, voltando ao início, digo-te que o IPO é um mundo à parte. Cumplicidade, saber cuidar, amabilidade, gentileza, humanismo e simpatia fazem parte do vocabulário de profissionais que lidam diariamente com a pior das doenças! Se me disserem que estão na dúvida entre um hospital particular ou o IPO, em caso de suspeita de cancro, sou a primeira a dizer para optarem pelo último. É lá que se reúnem os maiores especialistas de todos os cancros. É lá que os doentes são melhor seguidos! Era terrível ir diariamente a este hospital e ver pessoas tão novas com esta doença. Lembro-me de cada um daqueles que já não estão entre nós. Mas garanto-te que saía de lá consciente que o meu amigo estava nas melhores mãos possíveis, o que se veio a reflectir na cura festejada por todos!

Beijinho grande, amigo!