
Como uma esmagadora maioria de nós, nasci num hospital. A minha diferença é que, depois, também cresci num...(o mesmo em que nasci, pelo menos houve coerência). Por razões familiares, passei a minha infância até aos 6 anos na creche do Hospital onde trabalham a minha mãe e a minha avó. Talvez por esse motivo, nunca tive aquela aversão que a mesma esmagadora maioria tem em relação aos hospitais. São, para mim, lugares familiares.
Mas neste últimos tempos, confrontei-me com os meus próprios limites relativamente a esta familiariedade. Nunca sabemos verdadeiramente o que pode ser aquela aversão até um dia entrarmos num hospital para visitar um dos nossos...saber que temos encontro marcado com alguém que sofre numa cama de hospital, saber que temos pouco mais de três horas para lhe dar todo o amor que trazemos.
E sem falar naqueles que sofrem tanto ou mais numa abandonada cama de hospital e que não têm família, nem amigos, nada nem ninguém, para trazer um pouco de conforto e amor...
Os hospitais são lugares frios...mas há alguém que, de uma forma diferente da família, dos amigos, lhe pode conferir vida e alegria - os profissionais de saúde. Faz toda a diferença quando o médico que nos opera, a enfermeira que nos dá a medicação ou a auxiliar que nos acompanha em tudo compreendem que trabalhar num hospital não é o mesmo que numa fábrica, numa loja ou num escritório. Num hospital, toda a diferença está na dimensão humana que podemos conferir ao nosso trabalho - e essa dimensão humana tem um poder transformador nas vidas de todos aqueles que alguma vez na vida tiveram (ou terão) que passar, por um motivo ou outro, pela porra de um hospital. Ou seja, todos nós.
Não é um verdadeiro profissional de saúde quem quer. Apenas quem tem esta especial vocação, esta tão simples, mas tão transcendente, capacidade humana.
Este post presta homenagem a todos quantos dedicam a sua vida profissional a emprestar diariamente esta sua transcendente capacidade para o bem-estar dos outros. Como tu, mamã.